Meu coração respirou aliviado quando percebi que não ter certeza das coisas é mais comum do que eu imaginava. Não sei se você concorda, mas as vezes penso que tendemos a achar que nosso problema é único e exclusivo e aí, quando falamos dele, percebemos que na verdade ele assola muitas pessoas e parece que as indagações que a gente tem só mudam de endereço.
Lembro que quando li o livro “como ter uma vida normal sendo louca” da Jana Rosa e da Camila Fremder, pensei: “Meu Deus! Tem gente louca igual a mim! Ufa!” As coisas que elas compartilham naquele livro poderiam ter sido escritas por mim, tamanha semelhança nas neuroses. E foi reconfortante.
E aí que depois de muito pensar a respeito da impermanência das coisas, depois de entender que a vida é realmente esse emaranhado de opções e possibilidades e de ver que outras pessoas se sentem da mesma forma, confesso que passei a me sentir um pouco mais confortável com esse fato. E esse conforto não me deixa acomodada, mas me deixa tranquila em saber que ainda que eu siga meu planejamento, estabeleça metas e trabalhe nelas, talvez as coisas não saiam como eu havia imaginado. E é com essa sensação que quero lidar melhor. Com a sensação de que fiz o que pude, mas que algumas coisas estão além do meu controle.
Pode ser que a impermanência das coisas seja exatamente o que precisamos pra entender que podemos recomeçar quantas vezes for necessário. As vezes quando iniciamos algo somos uma pessoa e no meio do processo vamos nos transformando de tal maneira que final dele talvez nem o teríamos começado! Meio louco isso né? E no final das conta talvez o segredo seja ir ajustando o passo, o tempo e os planos enquanto a gente anda. Porque não existe um destino final, mas um contínuo processo de caminhar. Então, caminhemos.